INTOLERÂNCIA RELIGIOSA:
O terreiro Ylê Axé Oyá Bagan, localizado no Núcleo Rural Córrego Tamanduá, no Paranoá, foi incendiado por volta das 5h desta sexta-feira (27/11). “Queimaram todos os nossos santos. Destruíram nosso barracão”, lamentou Marta Carvalho, filha da casa. A Polícia Civil foi acionada e investiga o caso. Segundo o delegado-chefe da 6ª DP (Paranoá), Marcelo Portela, ainda não é possível dizer se o incêndio foi criminoso, praticado por grupos que praticam a intolerância religiosa.
Porém, para preservar as provas de um suposto incêndio de natureza criminosa, ele agilizou o início das investigações. “Agora vamos monitorar o local e procurar evidências. Também vamos mapear os grupos que pregam a intolerância religiosa para ver se há a possibilidade de ter partido de algum deles”, ponderou. “Teremos uma resposta após o laudo pericial. Por enquanto não podemos descartar nenhuma possibilidade, porque tanto pode ter sido um curto-circuito ou uma ação criminosa”, afirmou o delegado.
Luta
Mãe Baiana, que comanda a casa de candomblé, estava visivelmente emocionada na manhã desta sexta, o ver o local destruído. “Vou continuar lutando pelo meu povo, pelos meus ancestrais e contra a intolerância religiosa. Eu tenho a minha espiritualidade e a a minha crença a dar, e aqui ela vai continuar”, diz Mãe Baiana.
Mãe Baiana recebeu uma ligação do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que se solidarizou com ela e se comprometeu a investigar o caso. Em nota, o GDF “garante que é prioridade da Polícia Civil do Distrito Federal investigar os fatos e identificar os responsáveis para que sejam devidamente punidos. A capital que nasceu do sonho e do projeto de um Brasil diverso, inovador e culturalmente pulsante, não pode carregar a mancha da intolerância.”
É realmente revoltante em pleno século xxi ter que se deparar com esse tipo de notícia e pior que isso é ver que tem cada vez mais aumentado os casos de intolerância contra as religiões de matis africana.
Em Brasília também foram registrados casos de intolerância contra adeptos do VALE DO AMANHECER.
Tanto o terreiro de mãe baiana, quanto o vale do amanhecer são locais que conheço bem e que por varias vezes visitei no período em que morei na capital federal, são lugares de paz e que oferem um alento e um grande conforto espiritual a quem os busca nesses tempos tão atribulados.
Vivemos em um pais laico, onde cada um tem o livre arbítrio de escolher qual fé deseja professar e seguir, cabendo a cada um de nos a obrigação de respeitar.
As religiões de matis africana são alem de pontos de fé, fontes de história e cultura.
Notícias como essa não devem se repetir, precisamos evoluir e não retroceder.
Fábio Ricardo Gottselig
Artista plástico e produtor cultural.